Estreando-me no comentário de álbuns, deixem-me dizer que ando obsessivamente a ouvir o novo dos
Da Weasel. Confesso que a música mais "orelhuda", que também é o single, curiosamente não me convence (aliás, de início já pensava que iria ter uma grande desilusão com este novo trabalho - opinião essa que se desvaneceu ao ouvir o álbum).
Completamente esquizofrénico, embora de uma maneira saudável (as músicas fazem sentido como um todo), é um álbum menos comercial (no sentido usual do termo) e mais maduro.
"Bora lá fazer a puta da revolução
(...)
se o Benfica não jogar, boy, está combinado."
(Bora lá fazer a P*** da Revolução)Desde hip-hop mais puro (em "Love", que tem a participação de Attiba), rock pesado (em "Niggaz"), passando pela boa onda de "Toque-Toque", e acabando com as 3 músicas com orquestra e uma com o piano do Sassetti (uma das minhas preferidas) este é um álbum onde devemos ouvir todas as letras com atenção. Como já li algures (acho que no Blitz), aqui volta-se muito às críticas do "Todagente", embora pessoalmente ache que aqui ainda estão mais directas (desde o chamar a atenção para as misérias mesmo ao pé de nós, ao "musicar" um poema fortíssimo de José Luís Peixoto; ao criticar um pouco a atitude de alguns "putos" - com uma interpretação dos Gatos Fedorentos, que conseguem quiçá pela primeira vez na história colocar as palavras "leite morninho" numa faixa).
"Já foi ao intendente, senhor presidente?
(...) Saia no Martim Moniz e caminhe, Faz bem caminhar, apanhar ar, respirar. Passear no Intendente é um passeio original, È um passeio diferente sem sair de Portugal. Vá para fora cá dentro, vá aos subúrbios do Mundo no centro da cidade." (
Negócios Estrangeiros - José Luís Peixoto)
Terminado o Cd, somos presenteados com remisturas de alguns temas do álbum (oiçam a versão do "Dialectos de Ternura" dos buraka som sistema!)
Resumindo, aconselho-o vivamente (embora 17€ seja um ROUBO para qualquer CD, não é, como sabem, a única opção para o obterem) e aguardo agora ansiosamente ouvi-lo (ou senti-lo) ao vivo .
"A verdade é que a saudade do que passou Não é mais que muita... Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi... Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi"
(Mundos Mudos)
Hugo
(publicado simultaneamente em
Dottorato a Milano)